Provavelmente, você não fez Direito porque Matemática é o seu forte, certo? Como qualquer advogado, ou profissional das Ciências Humanas, você escolheu o curso porque tem mais habilidade com as palavras e a escrita.
O mercado jurídico, entretanto, oferece atualmente boas oportunidades para os advogados que também se dão bem com os números e as Ciências Exatas.
O Direito Tributário é um dos segmentos mais aquecidos no Brasil. Quem afirma isso é Bruno Lourenço, sócio da Vittore Partners, empresa de recrutamento especializada nos setores jurídico, tributário, de relações governamentais e anticorrupção.
Segundo ele, em entrevista à revista Exame, o problema é que a maioria das faculdades não preparam o estudante para desenvolver o pensamento matemático. O resultado disso é a baixa oferta de advogados que têm familiaridade com os números. Os profissionais existentes são disputados a tapas pelas empresas.
Os empregadores querem gerentes tributários com inglês fluente e conhecimentos sólidos em finanças e contabilidade. Essa última qualificação pode ser obtida com um curso de graduação ou pós-graduação na área. “Outra boa opção é buscar um curso de finanças voltado para advogados, porque o assunto já será apresentado na sua linguagem”, explica Lourenço.
Qual a exigência matemática?
O advogado que deseja atuar na área do Direito Tributário deve ter habilidade com os números, mas não precisa ser nenhum gênio da Matemática.
Ele deve conhecer muito de matemática financeira.
O objetivo é falar a língua dos números com seus clientes e mostrar o impacto financeiro de uma decisão em qualquer âmbito jurídico da empresa.
As modalidades do Direito Tributário
A carreira é dividida em duas vertentes: consultivo e contencioso. Como se tratam de modalidades muito diferentes, dificilmente, um advogado exerce as duas funções de forma simultânea.
Direito Tributário Consultivo
A modalidade consultiva é voltada para o mundo dos negócios, e é a mais requisitada nesse momento de crise. O objetivo é reduzir os riscos e prejuízos financeiros de uma empresa com base nos conhecimentos tributários.
O advogado atuará com fusões e aquisições e processos de constituição de fundos de investimentos. Além de atividades ligadas à gestão financeira, custo e estruturação de capital e produtos e operações do mercado financeiro que serão usados pela tesouraria.
O profissional da área consultiva trabalha no departamento jurídico ou financeiro de companhias, em escritórios de advocacia ou em empresas de auditoria.
Para atuar no Direito Tributário Consultivo, o advogado deve ter experiência em empresas de contabilidade, pós-graduação (MBA ou lato sensu) em Direito Tributário, ou até mesmo uma segunda graduação em Ciências Contábeis.
Direito Tributário Contencioso
A modalidade contenciosa, por sua vez, está ligada às esferas judiciais (tribunais regionais, estaduais ou superiores) e administrativas (órgãos como o CARF — Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — ou o TIT — Tribunal de Impostos e Taxas). O objetivo é defender o cliente diante de um juiz em processos ligados a infrações na área tributária.
Esse tipo de profissional trabalha em escritórios ou departamentos jurídicos de empresas. Ele atua para evitar prejuízos financeiros com eventuais indenizações e condenações que impedem a empresa de fazer determinados negócios no futuro.
O advogado contencioso deve conhecer o Processo Civil, o funcionamento dos tribunais e órgãos administrativos e, claro, saber se posicionar bem perante um juiz.
Quem deseja atuar na área, deve ter formação mais acadêmica, com diploma de pós-graduação stricto sensu, como mestrado e doutorado, ou um LLM [Master of Laws]. Vale lembrar que muitos profissionais do Direito Tributário Contencioso também são professores universitários.
Os salários
Para os advogados que atuam na área contenciosa os salários variam entre 8,5 mil e 18,5 mil para os sêniors; 6,2 mil e 12 mil para os plenos; e 3,8 e 7 mil para os júniors, dependendo, é claro, do porte da empresa.
Já para os profissionais da modalidade consultiva, os valores oscilam entre 8,5 mil e 21 mil para os sêniors; 6,2 mil e 14,5 mil para os plenos; e 4,2 e 8 mil para os júniors.
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